Por que é difícil sentir-se responsável?

Por que é difícil sentir-se responsável?

O sentimento de responsabilidade é um comportamento, dessa forma, não nascemos sabendo nos comportar de forma responsável. Esse sentimento nasce através das contingências (relações de dependência entre eventos ambientais e comportamentais) coercitivas.

E o que são contingências coercitivas? Toda contingência em que estiver operando alguma forma de evento aversivo. Por vezes, a própria natureza se encarrega de punir os comportamentos inadequados, como exemplo: ficar exposto muito tempo no sol e ter queimaduras; colocar o dedo na corrente elétrica e levar choque… O meio social também gera consequências aversivas, como: chefes injustos; assaltantes desumanos… Ou seja, podemos sempre estar expostos a contingências coercitivas, escolhendo ou não.

Entretanto, contingências coercitivas devem ser amenas, isto é, devem ser apenas o suficiente para produzirem as mudanças comportamentais desejadas, pois quando muito intensas produzem fortes sentimentos de ansiedade e de medo, geram comportamentos de contra-controle indesejáveis (quando a ameaça é forte a pessoa mente, se esconde, agride etc.), etc…

A pessoa exposta a uma ampla variedade de contingências coercitivas pode adquirir um repertório de comportamentos adequados do ponto de vista da comunidade verbal que utiliza tais práticas coercitivas. Por isso, o correto seria dizer que a pessoa se comporta adequadamente diante de contingências coercitivas e por isso se sente responsável.

De fato, é muito difícil sentir-se responsável, porque os sentimentos de responsabilidade aparecem sob controle de contingências aversivas. E controle aversivo faz sofrer, torna a vida mais dolorosa e difícil.

Por outro lado, também é possível instalar comportamentos “responsáveis” sem que eles estejam associados aos sentimentos de responsabilidade, através de contingências positivas, associadas à satisfação e a sentimentos de liberdade. Assim, uma pessoa pode trabalhar de maneira eficiente, completa e organizada com prazer e não com responsabilidade.

Referência: GUILHARDI, Hélio José. Auto-estima, autoconfiança e responsabilidade. Comportamento humano: tudo (ou quase tudo) que você precisa saber para viver melhor, p. 63-98, 2002.

Leia também: Assertividade.

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